Metafísica do Absurdo
Fazendo a ponte"Educar é mais do que preparar alunos para fazer exames, mais do que fazer decorar a tabuada, mais do que saber papaguear ou aplicar fórmulas matemáticas. É ajudar as crianças a entender o mundo, a realizarem-se como pessoas, muito para além do tempo da escolarização."
In, Projecto Educativo "Fazer a Ponte"
Participei hoje de uma tele-conferência com o Prof. José Pacheco, idealizador e coordenador da
Escola da Ponte, de Portugal. Não se trata de uma escola-modelo, mas de uma nova postura ante a tarefa de educar. A escola é pública mas não segue o formato tradicional: não há separação de alunos por classes ou séries, os alunos decidem a ordem e como estudar o currículo, co-administram a escola, são avaliados apenas quando se sentem preparados e, pasmem, têm as melhores notas nas provas de avaliação do país.
É um dever conhecê-la. Leia alguns artigos do educador
Rubem Alves sobre a Escola da Ponte
aqui..
Abraços.
G.
Para além..."Sem beleza no espírito e no coração, a razão não passa de um capataz que o senhor da casa envia para vigiar os criados. Assim como os criados, ele sabe muito pouco sobre o resultado final desse trabalho infinito e apenas grita: 'Mexam-se', e olha quase desgostoso quando isso acontece, pois, no final, ele não teria mais ordens a dar e seu papel já estaria encerrado.
Do mero intelecto não surgiria nenhuma filosofia, pois filosofia é mais do que apenas o conhecimento restrito do existente.
Da mera razão não surgiria nenhuma filosofia, pois filosofia é mais do que a exigência cega de um progresso interminável na confluência e discernimento de um assunto qualquer."Hölderlin - Hipérion
"Na angústia - dizemos nós - 'a gente se sente estranho'. O que suscita tal estranheza e quem é por ela afetado? Não podemos dizer diante de que a gente se sente estranho. A gente se sente totalmente assim. Todas as coisas e nós mesmos afundamo-nos numa indiferença... Não resta nenhum apoio. Só resta e nos sobrevém - na fuga do ente - este 'nenhum'."
A angústia manifesta o nada".
Heidegger - Que é metafísica
As coisas não vão bem e sou ultrapassado pelas circunstâncias. Estou me perdendo. Como no conto de Tolstói em que Ivan Ilitch se vê caindo num buraco, as coisas aqui todas se desmoronam.
E o que fazer?
G.
"Sobre um livro se pode chorar; sobre um PC, não", diz Saramago Leia mais
aqui.
Não que eu seja um neo-ludita, mas tenho que corcordar com Saramago. Há uma espécie de fetiche pelo objeto livro que não se reduz ao texto, à informação ou à experiência da leitura. Talvez venha um pouco pelo inconsciente coletivo (tarefa para os jungianos) a espécie de temor e sedução que tal objeto exerce; na era medieval sua produção era limitada e demandava por vezes uma vida inteira de um copista para produzi-lo. Mas ainda hoje, eu, no século XXI, tenho poucas vezes tamanho prazer do que quando adquiro ou tenho um livro entre as mãos.
G.
Mudanças ou Sobre o prazer de escreverGostamos do conforto. Desde sempre nos inclinamos ao que nos dá prazer e repelimos aquilo que nos agride. Assim, me acostumei ao
Philosophia sem sentir que ele perdera seu vigor inicial. Talvez eu mesmo já não tivesse o mesmo interesse em tocá-lo. E aqui tangencio o segundo título do post; quero fomentar em mim o prazer de escrever por aqui novamente. Sentir que estas linhas se agarram, ainda que de maneira tão fugaz, em algo que lhes dá um certo tipo de concretude (no fundo me iludo com uma idéia de alguma espécie de materialidade na virtualidade, ainda que como veículo).
No entanto, o
Philosophia consumiu boas horas de postagem, arquivou boa parte do meu caminho nestes últimos anos e na verdade não há como se desvencilhar totalmente de algo que se contrói. Assim, vou me acostumando por aqui aos poucos, fazendo a passagem de forma gradativa, sempre segurando a outra ponta da corda, afinal, quem gosta de não ter onde se apoiar?
Nos vemos por aqui.
Gabriel